Embora não seja historiador, sou um entusiasta de análises
de fatos de eras históricas para que possamos entender melhor a realidade do universo
mais próximo de nossa atualidade.
Aécio Neves e Dilma Roussef no Senado Federal. Foto: FolhaPress |
Na década de 1980, em pleno movimento pelas Diretas Já, presenciei este grande
momento como uma criança ávida por entender a realidade que me rodeava. Muito influenciado por meu pai, que participou
deste movimento em minha cidade natal, Araranguá/SC, eu tentava entender o que
se passara antes de eu nascer e o que estava ocorrendo em frente aos meus olhos
neste movimento democrático que devolveu à sociedade civil as rédeas da nação.
Foi uma época muito interessante para uma criança que
crescia e buscava instintivamente sua identidade num mundo em grande
transformação. Diretas Já no Brasil, queda do muro de Berlim na Alemanha, Guerra
das Malvinas na Argentina, fim da Guerra Fria entre EUA e a ainda existente
URSS, Perestroika e Glasnost na URSS, Constituinte de 1988 no Brasil, e outras
grande s mudanças ocorriam neste momento da história fascinavam e traziam
muitas esperanças de dias melhores a todo o mundo.
Com as mudanças políticas na volta da democracia no Brasil,
finalmente em 1989 ocorreram as tão sonhadas eleições diretas, em que os
cidadãos poderiam finalmente escolher seus representantes. Nesta eleição,
lembro bem da disputa entre Lula (Luiz Inácio da Silva) e Fernando Collor de
Melo, em que eu defendia aguerridamente Lula e pensava que finalmente alguém ia
dar um jeito nos males do Brasil. E eis que o povo escolheu no país todo representantes
que vinham dos movimentos democráticos. Quase todos remanescentes do antigo MDB
(Movimento Democrático Brasileiro) que havia se transformado em partido
passando a ser conhecido como PMDB.
Não demorou muito para que os novos representantes,
travestidos de democratas, aos poucos fizessem aquilo que sempre condenavam e
iniciassem um processo de nepotismo, enriquecimento ilícito, corrupção e diversas
outras ações que iam contra todos os princípios que levaram estes políticos aos
governos federais, estaduais e principalmente municipais. Nesta época, infelizmente,
também fui testemunha da decepção que meu pai teve ao ver isso ocorrendo nas
mãos de representantes que ele mesmo batalhou para serem eleitos. Muitas das
coisas que os movimentos democráticos condenavam nos mandatários escolhidos
pelo Regime Militar (1964 e 1986) eles repetiram em larga escala em todo o
Brasil. Mas, é importante ressaltar que, embora tenham trabalhado contra a
população e os interesses que defendiam, fizeram um ótimo favor à democracia
brasileira e não estou me referindo a retirada dos militares do poder. Eles provaram
para a recente história do Brasil que não basta um partido de esquerda tomar o
poder para que resolvamos todos os males de desenvolvimento que temos.
Acelerando um pouco no tempo e passando pela estabilização
da economia ocorrida nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso,
vimos finalmente o então remanescente dos movimentos trabalhistas do ABC paulista
chegar ao cargo máximo do executivo. Lula chega à presidência em 2002 com muita
esperança da sociedade, inclusive eu. Foi realmente emocionante assistir esta
nova onda democrática de mudanças no Brasil, quando muitos tinham a certeza de
que teríamos enormes avanços em áreas que antes não tinham sido assistidas. Entre
Lula e Dilma (2002 - 2014), se passaram quase 12 anos na presidência, com amplo
apoio de diversos movimentos sociais, com reconhecimento no Brasil e no exterior.
Mas durante este tempo, também foram numerosos os casos de corrupção,
enriquecimento ilícito, aparelhamento da máquina estatal em benefício dos
membros do PT (Partido dos Trabalhadores) e do próprio partido. O caso mais
conhecido foi o Mensalão, em que vários membros do congresso recebiam valores
mensais para aprovar projetos seja no Congresso Nacional como no Senado. Em
muitos casos, várias campanhas no executivo ou legislativo e até mesmos a
presidência foram financiadas com capital oriundo de corrupção e outras formas
de captação de recursos que viraram regra nos governos do PT. Fala-se até que
em várias instâncias do governo, membros do partido que ocupam cargos de
confiança são obrigados a doar ao partido uma percentagem de seu salário como
uma espécie de dízimo político para manter o projeto de poder em longo prazo
para as eleições que virão. Existem denúncias também contra gestões de outros
partidos, inclusive do PSDB e seus aliados.
Em 2014, assistimos uma guerra política muito estranha, onde em ambos os lados temos remanescentes dos movimentos democráticos que retomaram o poder das mãos do militares. De um lado temos os defensores do PT e de seus avanços na área social e de outros temos os simpatizantes do PSDB que também representam uma grande parte da população que defende um sentimento “anti-PT”, que é contra todos os casos de corrupção na esfera federal. Em ambos os lados, percebe-se que “é o roto falando do rasgado”, pois ambos os lados tem casos de nepotismo, corrupção e enriquecimento ilícito. Comparo a disputa neste ano de 2014 a uma febre, onde o organismo nação brasileira está tentando se curar para melhorar a situação geral. Mas a situação é esquisita, pois de um lado estão simpatizantes do PSDB que defendem Aécio Neves e são rotulados por não fazerem parte da camada mais necessitada da população, chamados de “coxinhas” pelos simpatizantes do PT. Já os simpatizantes do PSDB por sua vez rotulam os petistas de PTralhas, em citação aos irmãos metralhas das histórias em quadrinho e desenhos animados de Wall Disney. A situação muitas vezes beira a loucura religiosa e dogmática do oriente médio, pois muitos esquecem que são amigos e esquecem que a eleição passa e muitas vezes a situação se inverte, seja no âmbito pessoal como no nacional. Quem afinal de contas imaginaria o Partido dos Trabalhadores sendo apoiado e apoiando Fernando Collor de Melo, Paulo Maluf, Renan Calheiros e outros que sempre condenaram e que condenaram este partido. É a eleição mais esquizofrênica que o brasileiro já pode ver neste período curto de democracia brasileira (menos de três décadas).
Em 2014, assistimos uma guerra política muito estranha, onde em ambos os lados temos remanescentes dos movimentos democráticos que retomaram o poder das mãos do militares. De um lado temos os defensores do PT e de seus avanços na área social e de outros temos os simpatizantes do PSDB que também representam uma grande parte da população que defende um sentimento “anti-PT”, que é contra todos os casos de corrupção na esfera federal. Em ambos os lados, percebe-se que “é o roto falando do rasgado”, pois ambos os lados tem casos de nepotismo, corrupção e enriquecimento ilícito. Comparo a disputa neste ano de 2014 a uma febre, onde o organismo nação brasileira está tentando se curar para melhorar a situação geral. Mas a situação é esquisita, pois de um lado estão simpatizantes do PSDB que defendem Aécio Neves e são rotulados por não fazerem parte da camada mais necessitada da população, chamados de “coxinhas” pelos simpatizantes do PT. Já os simpatizantes do PSDB por sua vez rotulam os petistas de PTralhas, em citação aos irmãos metralhas das histórias em quadrinho e desenhos animados de Wall Disney. A situação muitas vezes beira a loucura religiosa e dogmática do oriente médio, pois muitos esquecem que são amigos e esquecem que a eleição passa e muitas vezes a situação se inverte, seja no âmbito pessoal como no nacional. Quem afinal de contas imaginaria o Partido dos Trabalhadores sendo apoiado e apoiando Fernando Collor de Melo, Paulo Maluf, Renan Calheiros e outros que sempre condenaram e que condenaram este partido. É a eleição mais esquizofrênica que o brasileiro já pode ver neste período curto de democracia brasileira (menos de três décadas).
A este ponto você deve estar se perguntando “em quem este
cara vai votar”? Confesso-te que é a primeira eleição que não tenho um
candidato convicto a presidência. Afinal em ambos os lados temos representantes
de governos anteriores que trouxeram muitos avanços à nação e aos brasileiros. Seja
com o PSDB e a inegável estabilização na economia ou com o PT e a criação de
inúmeras universidades e os avanços no âmbito social, há inúmeros motivos pra
votar em qualquer uma das duas opções. Não citarei defeitos, pois as redes
sociais já estão repletas de defensores que mais atacam do que mostram avanços.
Fazendo uma análise com distanciamento histórico, penso que
temos aí 25 anos desde a primeira eleição depois do regime militar, sendo que
nos últimos 12 anos o PT esteve a frente do executivo. Eu, como muitos outros
brasileiros que votaram em Lula nas eleições de 2002 e 2006, estou desapontado
com o PT e opto em 2014 por Aécio neves. Entretanto, não voto com convicção,
pois acredito que merecíamos duas opções e dois partidos muito melhores para o nosso
país. Mas, é o que temos para o jantar. Além disso, é a nossa realidade nos
possibilita até agora, afinal temos uma democracia embrionária, carente de
maturação e amplas melhorias.
Por que voto Aécio? Porque quero ter certeza de que entre as
duas opções que temos, a melhor opção seria ao final Dilma Roussef e o PT. Você
deve estar pensando quão maluco sou eu. Não faz sentido pra você?
Ambos os partidos e representantes tem vários defeitos, mas
eu quero pagar pra ver o PSDB e Aécio Neves nos mostrar que podemos (nós
como nação) fazer melhor do que o PT e Dilma Roussef fez, sem falar nas gestões
de Lula e inclusive Fernando Henrique Cardoso.
Caso Aécio ganhe este eleição, serão os mais longos e
tenebrosos anos que o PSDB e seus membros viverão a frente da nação, pois terão
que provar a todos nós que podem oferecer uma melhor forma de governar o
Brasil. Dilma Roussef estava certa quando afirmou num dos últimos debates que
nestas eleições se confrontam duas visões de Brasil. Isso é muito bom para a efervescência
da democracia brasileira, pois confronta duas formas de ver e administrar uma
nação. Ganhamos muito com isso, mas perdemos muito quando apenas uma das visões
de governo tem a oportunidade de demonstrar do que realmente é capaz. E neste
caso não há como comparar as administrações de estados e municípios, pois a “direção
da boleia” do Brasil se dá mesmo é em Brasília, para onde vai a grande parte do
nosso rico dinheirinho em forma de impostos.
Por que não voto na Dilma? Porque não concordo com os últimos
e recentes casos de corrupção, mas principalmente pelo mesmo motivo exposto
acima. Precisamos colocar a prova formas de governo diferentes para poder saber
em médio e longo prazo quais das opções trarão mais retorno à população dentro
e fora do país.
E se Aécio fizer um melhor governo com vários avanços ao
Brasil, inclusive no âmbito social? Note que não estou dizendo que ele vai
fazer este excelente governo. Na sua análise, existe esta possibilidade ou não?
Ao fim, se percebermos em outubro de 2017 que todos que as gestões anteriores
do PT eram muito melhores, elejamos então candidatos do Partido dos Trabalhadores
para governar o Brasil de 2018 até as décadas seguintes ou mais.
Convido você a fazer uma análise bem menos imediatista para
que a nossa democracia possa ao final evoluir e possamos viver em um país mais
soberano, democrático, com IDH acima das médias mundiais e sejamos referência
não só no samba, nos esportes e nos atributos naturais, seja na batuta de
representantes do PT ou PSDB.
Por fim, posso lhe dizer que, caso o PSDB estivesse a frente
do Brasil de 2002 a 2014, muito provavelmente eu teria a mesma opinião e faria
esta análise declarando meu atual voto a um representante do PT.
Vicenzo Berti
Florianópolis, 19 de outubro de 2014.
Florianópolis, 19 de outubro de 2014.
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